segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Crónica: Reflexões sobre Associativismo: objectivos e fragilidades conhecidas

Crónica: Reflexões sobre Associativismo: objectivos e fragilidades conhecidas
11:27h - 07/11/2011
Muito se tem falado de cooperação e colaboração tão necessárias neste contexto difícil. Assim, aproveito para vos deixar aqui algumas reflexões sobre uma das formas de partilha muito mediática e sempre actual: O Associativismo.
Ultimamente assistem-se a notícias sobre o congresso da AHP que nos dão feedback muito positivo e de sucesso, ainda notícias sobre a dinâmica AHRESP e os problemas do aumento do IVA na restauração, segue-se o anúncio do congresso da APAVT (que desde já convido a todos para estarem presentes) e ainda à divulgação da sua lista candidata à presidência no triénio 2012-2014.
Aproveito aqui a deixa para desejar os votos de enorme sucesso em prol do enriquecimento de toda a nossa área e consequentemente das minhas empresas e aliadas. Permitam-me, então, a ousadia de vos deixar aqui algumas ideias para reflexão acerca da temática em epígrafe.
Embora ainda como directora de uma associação, mas em fim de mandato, decido correr aqui o risco.
O associativismo, a nível mundial, tem vindo a perder dinâmica, interesse, motivação, pois tem imputado enorme esforço, demasiada responsabilidade, grande espírito de voluntariado, com crescente trabalho e dificuldades inerentes, especialmente em épocas de ambiente de crise, ruptura e mudanças drásticas. É, assim, de saudar todos os que alguma vez contribuíram, melhor ou pior, para as associações representativas dos vários subsectores do Turismo e que muito ajudaram a desenhar o panorama turístico nacional.
Nutro enorme respeito por cada um dos seus líderes, órgãos sociais e equipas colaboradoras, que sacrificam parte do seu tempo, vida pessoal e profissional em prol de um único objectivo comum, de defesa, enriquecimento e dinâmica do subsector onde se inserem os seus negócios e empresas. Existem já poucos, e cada vez menos, desta “fibra” que se expõem e sacrificam sem saber se com as suas acções ou da associação poderão ver crescer o sucesso ou a falência e deturpação da sua imagem quando os movimentos são menos felizes.
Acreditem, não é defender aqui a minha posição, nem tentar elogiar para tirar algum proveito futuro destas palavras, até porque quem me conhece bem sabe que sigo uma filosofia Zen de não alimento do ego nem do poder, mas acredito que é também salutar e positivo deixar palavras de reconhecimento, motivando a todos os que se encontram contemplados no associativismo.
Apontam, com certeza, alguns leitores, falhas a qualquer uma das associações de Turismo e a acções dos seus orgãos sociais. Contudo, questiono-vos, conhecem algum indivíduo perfeito, conhecem alguma empresa ou projecto infalível e sem lacunas? Não estão os indivíduos e as empresas em constante transformação, adequação e aprendizagem ao longo das suas vidas? Há é que saber aprender com os erros e falhas, corrigir e adequar ao novo ambiente… e continuar a participar.
Ora, como forma de participar, aqui deixo um contributo, advindo da experiência e do estudo desta temática e aponto alguns pontos frágeis que devem ser cuidados e vigiados.
Se uma associação tem (ou deverá ter) por objectivos: 1) defender interesses comuns, sem fins lucrativos e com vista a obtenção de benefícios para todos os associados e sector; 2) fortalecer laços de solidariedade e partilha; 3) reunir esforços para reivindicar melhorias; 4) melhorar a qualidade de vida das empresas e seus colaboradores; 5) melhorar a competitividade; 6) promover a actividade e as associações perante a sua comunidade e o consumidor final; 7) reforçar a credibilidade perante fornecedores e clientes; 8) reduzir desigualdades políticas e empresariais; 9) ajudar na obtenção de rentabilidade, formação e qualidade de serviços dos seus associados; 10) aportar força e representatividade perante poderes políticos e institucionais e, entre outros; 11) participar no desenvolvimento do sector onde se insere.
Também, uma associação, tem pontos fracos que podem destruir todo o trabalho e estratégias para se atingirem tais objectivos. Enuncio alguns dos mais delicados e transversais a todo o tipo de associativismo e que, de facto, merecem análise e reflexão: 1) falta de transparência; 2) falta de confiança; 3) falha de comunicação com os associados, fornecedores, entidades oficiais ou mass media; 4) individualismo dos associados; 5) falta de metas e objectivos claros, transparentes, exequíveis; 6) falta de conhecimento e aceitação de funções, direitos, deveres e normas; 7) conflitos e má diplomacia; 8) falta de representatividade do sector, do mercado, das regiões, dos tipos de actividades e de empresas; 9) tentativa de lobby interno ou oligopólios; 10) Não participação e desmotivação dos membros; 11) competição em vez de coopetição; 12) falta de visão empresarial e com foco em resultados competitivos; 13) falta de partilha de ideias e experiências suficiente; 14) falta de ética ou falhas de conduta; 14) falta de constante monitorização do feedback e realidade dos associados; 15) falta de união e espírito de grupo; 16) falta de liderança reconhecida; 17) falta de vontade de mudar e adequar às novas realidades.
A lista é extensa, mas é uma forma de incitar a uma análise profunda em prol do sucesso da vossa associação, associados e potenciais associados, bem como em prol do êxito do sector. Estarão todos vós atentos a todos estes pontos fracos? Não seria momento de auscultar o mercado mais uma vez para que se inicie um 2012 mais positivo e favorável?
Por Maria José Silva, CEO da RAVT.

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