segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

(Cruzeiros) ‘Value for money’ em tempos de contenção

(Cruzeiros) ‘Value for money’ em tempos de contenção
Viajar está cada vez mais presente no sangue dos portugueses. Em épocas de gastos controlados, saciar o ‘bichinho’ das viagens torna-se uma decisão cada vez mais ponderada. As companhias de cruzeiros com presença em Portugal explicam porque optar por um cruzeiro é uma das soluções acertadas.
A pouco e pouco, o mercado português tem decidido experimentar de perto as mais-valias de um cruzeiro. Esta vontade de vivenciar uma nova forma de desfrutar as férias tem sido reflectida no crescimento da procura por este tipo de produto em Portugal. Não fugindo às tendências verificadas noutros mercados, as mais diversas companhias de cruzeiros são unânimes em afirmar que os cruzeiros têm vindo a crescer substancialmente nos últimos anos no nosso mercado, há quem realce que “são o produto com maior crescimento de procura em Portugal”.
Francisco Teixeira, director-geral da Melair, representante da Royal Caribbean International, Celebrity Cruises e Azamara Club Cruises em Portugal, afirma que, “apesar da actual conjuntura, a procura de cruzeiros no mercado português continua a evoluir favoravelmente”. Para tal, o responsável realça que contribuiu “a grande oferta de cruzeiros na Europa e também de cruzeiros de proximidade, como nos casos de Lisboa e Málaga”.
Lubélia Teixeira, Sales & Marketing Manager, complementa ao afirmar que “o aparecimento no mercado de novas companhias de cruzeiros com um preço mais atractivo e algumas delas direccionadas para um mercado mais jovem, veio revolucionar o mercado de cruzeiros”.
Partir de casa
A par disto, a aposta em cruzeiros com partida de portos portugueses tem contribuído para alimentar a curiosidade face a este produto.
Henrique Mateus, director comercial da Ibero Cruzeiros em Portugal, sustenta que este factor “tem um peso substancial” na escolha das férias dos portugueses, “sobretudo nos cruzeiros à partida de Lisboa em que os cruzeiristas não têm todos os custos inerentes aos voos”.
O Sales & Marketing da Classic International Cruises (CIC), Óscar Moura, descreve que “o português é um cliente comodista e quando se fala em ter de viajar de avião para qualquer lado, andar com malas atrás, apanhar transportes num país estrangeiro em que provavelmente não falam a nossa língua, ficam mais reticentes em efectuar a marcação desse cruzeiro, daí que continuem a privilegiar as partidas de Portugal”.
Para Eduardo Cabrita, director-geral da MSC Cruzeiros em Portugal, “há uma grande diferença entre efectuar um cruzeiro “à porta de casa” e um cruzeiro que implica avião para o desfrutar”. Neste sentido, a aposta da companhia de cruzeiros italiana será, “de acordo com a evolução do mercado português, disponibilizar um maior leque de opções “à porta de casa” através dos portos portugueses. Neste momento estamos em Lisboa e no Funchal, mas estamos a trabalhar para novas opções”. Os responsáveis das companhias de cruzeiros em Portugal concordam que os cruzeiros com partida de portos portugueses servem de estímulo, mas seja pela localização geográfica ou pela dimensão do mercado interno, existirão sempre alguns condicionalismos ao seu desenvolvimento”.
Francisco Teixeira relembra que o crescimento absoluto no futuro deste segmento “irá depender da conjugação da oferta adequada às condições de mercado e da possível penetração em segmentos de mercado que até hoje não incluem o cruzeiro como uma das suas opções de férias”.
Porquê escolher um cruzeiro?
“O cruzeiro é um produto para todas as idades, extracto social e segmentos”, descreve Lubélia Teixeira. Para a profissional, o produto cruzeiro pode ser vendido “a todo o tipo de cliente”, para além de que “deverá ser oferecido pelos agentes de viagens aos clientes como uma alternativa de férias como outra qualquer, com a garantia de que o cruzeiro, na maior parte dos casos, é uma mais-valia comparado com outros produtos bem como a certeza de que os clientes vão adorar e vão querer repetir”.
A Sales & Marketing da James Rawes vai mais longe e assegura que “oferecer um cruzeiro é garantia de fidelização do cliente, que é algo tão raro”.
Na opinião de Óscar Moura os portugueses têm esquecido “que um cruzeiro acaba por ser aquele que mais-valias trás a todos os níveis, comodidade e relação qualidade/preço”. Famílias, casais, grupos de amigos, luas-de-mel, incentivos, congressos são alguns dos segmentos que têm ganho cada vez mais relevância e que encontram benefícios a bordo dos navios.
No que refere às famílias, que segundo Eduardo Cabrita, “estão na base do desenvolvimento das companhias”, os cruzeiros começam a oferecer diversas vantagens, como preços promocionais para crianças ou até mesmo gratuitidade da respectiva viagem (à excepção de taxas portuárias), animação adequada, entre outros.
A MSC Cruzeiros, por exemplo, conta com “viagens gratuitas para crianças até aos 18 anos, quando partilhando o camarote com 2 adultos e existem tarifas especiais com preços mais atractivos nos camarotes comunicantes ou próprios para as crianças”. A companhia de cruzeiros italiana apresenta também tarifas especiais para outros segmentos, como famílias mono-parentais, viajantes individuais, famílias numerosas ou hóspedes em celebração.
O representante da Ibero Cruzeiros em Portugal dá um exemplo prático do ‘value for money’ deste produto turístico: “Um casal pode fazer um cruzeiro, com tudo incluído, por cerca de 500 euros por pessoa, com todas as vantagens inerentes à viagem de cruzeiro – nomeadamente a possibilidade de desfrutar do navio e dos destinos em que o cruzeiro faz escala”.
No crescimento que a Costa Cruzeiros tem verificado, e tendo por base as vendas para 2012, Jorge Carreiras, responsável pelo escritório da companhia de cruzeiros em Portugal, indica que "temos verificado um crescimento comparativamente com o período homólogo, sobretudo no que se refere à procura de grupos de incentivo.
Entre as mais-valias enumeradas, Francisco Teixeira destaca que “para além de renovarem os seus destinos de incentivos, as empresas começam a descobrir as vantagens operacionais, permitindo a conjugação do alojamento, das refeições, das reuniões, do entretenimento e das actividades num só produto”.
As opções do mercado português
Dos portugueses que já experimentaram a realização de férias a bordo de um navio, as escolhas têm recaído para cruzeiros no Mediterrâneo, Ilhas Gregas e Norte da Europa. No que refere à tipologia de cruzeiros “o português procura essencialmente cruzeiros de média duração (5/8 dias) com um preço muito atractivo”, segundo o responsável da CIC, que acrescenta: “Os cruzeiros ou mini-cruzeiros encaixam também na perfeição, pois permitem escapadas de fins-de-semana e primeiras experiências”.
Na experiência da Melair, Francisco Teixeira constata que “os cruzeiros com duração de sete noites são e continuarão a ser os que têm uma maior procura, registando-se ainda crescimentos consideráveis nos cruzeiros com mais de 10 noites como consequência da maturidade do mercado. Os cruzeiros de proximidade, nos casos de Lisboa e Málaga, permitem chegar a um público consideravelmente mais alargado”. Há também uma procura considerável por cruzeiros de longa duração, apesar de, como afirma Lubélia Teixeira, “nem todas as pessoas podem tirar 90 dias de férias… mas já se vende muitíssimo bem cruzeiros de 30 noites e mais”. Na sua opinião, “os cruzeiros mais pequenos de 4 noites são vendidos essencialmente para incentivos quando as empresas têm um ‘budget’ baixo”.
Jorge Carreiras salienta que "por um lado, quem experimenta pela primeira vez procura um cruzeiro mais curto e de maior proximidade. por outro lado, a maturidade do mercado português leva a que exista uma grande procura de cruzeiristas mais experientes que optam por cruzeiros mais longos".
Contudo, Óscar Moura sustenta que em Portugal “a procura está intrinsecamente ligada ao preço”, sendo que as escolhas dos portugueses privilegiam “a busca pela promoção de última hora. Apesar de tudo, temos que continuar a tentar inverter esta tendência oferecendo cada vez mais, benefícios para reservas antecipadas”.
Por Raquel Relvas Neto
Leia na íntegra na edição 244 da Ambitur

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