sábado, 29 de outubro de 2011

As Lições do Astérix e Obelix sobre Economia



Lição 1: uma antevisão da globalização

Sempre achei a série Astérix genial e a justa medida do seu brilhante autor que foi Goscinny. Um dos méritos que sempre atribuíram a esta BD foi o da existência de diversos níveis de leitura em estratos perceptíveis por leitores mais ou menos informados. Quase sempre para além da história superficial - mas bem contada - é possível encontrar o olhar que Goscinny tinha do mundo, ora terno ora cáustico, mas sempre certeiro.
Uma das áreas frequentemente criticada era a da Economia. Através do recurso a metáforas subtis eram dadas pequenas lições muito expressivas de como funciona (ou devia funcionar) o mundo do dinheiro, do comércio e dos negócios. Pela enésima vez folheio os livros da colecção e não resisto a partilhar algumas dessas preciosidades.
Lição 1: uma antevisão da globalização
No Escudo de Arverne explica-se como a circulação de bens e mercadorias gera riqueza que, por sua vez, é reinvestida. Aparentemente todos teriam o mesmo se não comprassem vinho e carvão uns aos outros mas não, assim têm também dinheiro. Rompem o circuito fechado e injectam capital indo vender o mesmo vinho e carvão a Lutécia...


Lição 2: o dumping dos preços
Em Astérix e o caldeirão há uma série de peripécias vividas pelos heróis que necessitam de encher um caldeirão de sestércios para pagar ao cobrador de impostos romano. Esta situação dá azo a que se percorram os processos mais comuns de ganhar dinheiro: o comércio de bens, a prestação de serviços, o jogo, até o roubo... Muito pedagógico. A dada altura Astérix e Obélix vão à feira vender 14 belos javalis que este último entende não serem tão belos quanto isso. Como não sabem qual a cotação do javali pedem uma ninharia por eles, perante a indignação da concorrência.

Esta técnica, denominada dumping, que é utilizada involuntariamente na venda dos javalis, consiste em baixar os preços de um produto - mesmo com prejuízo próprio - para esmagar a concorrência.

Salvo erro foram os japoneses os primeiros a utilizar o dumping para inundar o mercado norte-americano no pós-guerra. Hoje em dia é indiscriminadamente praticado pelas grandes superfícies que, graças à sua capacidade financeira, levam à falência do pequeno comércio incapaz de acompanhar os seus preços.


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2005/05/a_economia_segu_1.html#ixzz1cDNSiaO3

Os aumentos salariais

Em princípio a escravatura não é remunerada mas com o auxílio da poção mágica abre-se um canal de negociações... Duplicata, o númida, é a personificação do delegado sindical que tenta conseguir as melhores condições para os seus representados. Se bem que os grandes aumentos salariais tenham alguns impactos nocivos sobretudo nas economias débeis, trazem benefícios importantes que se traduzem - em princípio - no aumento da produtividade (ponto de vista patronal), na melhoria das condições de vida (ponto de vista do assalariado) e na dinamização da economia (ponto de vista do Estado).


Esta perspectiva é bem ilustrada nestas duas vinhetas: distribuir muito equivale regra geral a produzir mais. Parece ser um princípio subjacente às grandes economias mas que no nosso país não se aplica. Esta é a maneira de pensar pequeno que durante tantos anos caracterizou o nosso Estado Novo e que, infelizmente, deixou sequelas. Uma lição que não foi retirada de Astérix...



Depois de venderem 14 (belos) javalis ao desbarato Astérix e Obélix fazem dinheiro suficiente para comprarem.. um javali, que acabam por comer. Na perspectiva de Obélix não valia a pena terem-nos vendido. Este sentimento assalta frequentemente muitos comerciantes - sobretudo os do chamado "comércio tradicional" - que se vêem obrigados a vender as suas mercadorias abaixo do preço de compra apenas para irem fazendo capital para pagar as despesas correntes. Tal como Obélix também eles acham que mais valia estarem quietos...


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2005/05/a_economia_segu_4.html#ixzz1cDIm7pHY

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