terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Estar a construir hotéis novos “é uma loucura”-O que é preciso é “encher” os quartos disponíveis

Alexandre Solleiro, CEO da Tivoli Hotels & Resorts (1)
Estar a construir hotéis novos “é uma loucura”

O que é preciso é “encher” os quartos disponíveis
 10-01-2012 (15h25)

Não é o primeiro a dizê-lo, mas vindo de quem vem tem outra dimensão. Com mais de metade (52%) dos quartos de hotel existentes no País a ficarem vazios o ano todo, estar a construir alojamento hoteleiro novo “é uma loucura”, diz Alexandre Solleiro, CEO da Tivoli Hotels & Resorts, uma das mais reputadas cadeias hoteleiras portuguesas, implantada em Portugal e no Brasil.



A expressão é forte, mas é sempre assim quando se põe o dedo na ferida. E para o CEO da Tivoli a “ferida” está aí não só evidente como diagnosticada.
“Sabendo que em Portugal a taxa de ocupação é de 48% a nível global do País e [portanto] a capacidade ociosa que existe, eu acho que hoje estarmos para aí a construir hotéis ou alojamento novo é uma loucura”, foi a expressão usada por Alexandre Solleiro no habitual almoço no Dia de Reis com a imprensa, desta feita no magnífico cenário do restaurante Terraço do Tivoli Lisboa, com uma ementa surpresa, de que só vale dizer que começa pelo “café”...para não deixar de ser surpresa.
O executivo não se fica, porém, pela negativa. “Importante é tentar concentrar todos os esforços em fazer com que haja mais gente para encher os quartos disponíveis, para que nós possamos ter um crescimento da actividade e da rentabilidade da hotelaria e do turismo como um todo”, sublinha.
Alexandre Solleiro dá assim a voz de uma cadeia com a projecção da Tivoli a uma ideia de prioridades para o turismo em Portugal que tem ganho cada vez mais adeptos, mas que se tem mantido sobretudo na surdina, tanto mais quando ainda muito recentemente as atenções pareciam centradas precisamente no inverso, em inaugurar novas unidades hoteleiras, numa lógica de que assim se estaria a requalificar a oferta turística portuguesa.
Mas no ano que se avizinha não basta recentrar as prioridades quanto à oferta. Alexandre Solleiro, para já está agradado com o discurso da secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, reportando-se ao almoço da governante com a associação dos hoteleiros (AHP), no início da semana passada, designadamente à forma como se referiu às questões da acessibilidade ao Algarve e ao facto de haver uma calendarização de medidas.
Em primeiro lugar Alexandre Solleiro citou a abordagem que Cecília Meireles fez da questão da acessibilidade do Algarve e o enfoque pôs na necessidade de ter ligações aéreas.
Depois, por a secretária de Estado “ter sido muito clara quando disse que ia anunciar coisas” indo ao ponto de avançar “a data dos anúncios”.
“O que eu espero é que as decisões sejam boas... Mas a partir do momento em que fala da necessidade de mais aviões, da necessidade de reorganizar a parte das representações turísticas e das regiões turísticas, etc., são boas notícias”, adiantou o CEO da Tivoli, que comentou ainda positivamente o novo enfoque da promoção turística de Portugal, que considerou configurar mesmo “uma mudança de paradigma”, com a aposta na promoção para o cliente final, quando no passado eram os operadores “que faziam a promoção do destino Portugal”.
“Eu acho que nós teremos que fazer crescer a vontade dos clientes de virem a Portugal, para ele depois ir escolher como é que cá chega. Eu acho que esse é vai ser o paradigma que nós temos que trabalhar no futuro”, observou.

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