sexta-feira, 25 de novembro de 2011

As Empresas-Fantasma

Os Portugueses gostam muito de rir com as excentricidades da economia grega: como é que é possível, por exemplo, que Atenas pague 16 milhões de euros em pensões de reformas às famílias de 4500 pessoas que já morreram? E agora vão continuar a gostar de se rir com as excentricidades da economia italiana: como é que é possível, por exemplo, que a empresa pública Alitalia tivesse uma oficina com 15 trabalhadores na Cidade do México quando os seus aviões não voavam para aquela cidade há 14 anos?

Dá vontade de rir, de facto - mas só até ao momento em que percebemos que somos iguais a eles. Há quatro meses, descobriu-se que a Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja continua a funcionar e a pagar salários apesar de já não haver qualquer " desenvolvimento" a fazer e de o aeroporto já estar a funcionar há mais de um ano. Agora, percebeu-se que esta não era a única empresa-fantasma do País. O Hospital de Cascais, que foi fechado há dois anos, continua a pagar salário a dois administradores e fez o mesmo durante largo tempo a 16 médicos e técnicos.

O ainda presidente do Conselho de Administração do Hospital acha isto é" o anormal funcionamento" e " não tem nada de especial". Alguma coisa de especial terá, uma vez que o Governo," surpreendido" com esta forma inovadora de gerir o dinheiro público, tratou imediatamente da extinção deste cadáver.

Há de certeza muitos outros por descobrir- como houve já o da Madeira e das empresas de transportes. Portugal pode repetir por 100 vezes a frase “Nós não somos a Grécia!”, mas isso serve de pouco. Ninguém acredita. Esta semana, o economista NOURIEL ROUBINI, que previu a crise financeira de 2008, avisou que, tal como a Grécia, Portugal “ é um caso perdido”. A culpa não é dos “ Mercados” é nossa. Para perceber porquê, basta dar um passeio por Cascais.


Os advogados têm o Dever de manter o sigilo profissional em relação aos seus clientes e são pagos para defender os seus interesses. Traduzindo: São provavelmente as pessoas mais suspeitas para acumularem a sua profissão com a de deputados.

Agora, pela primeira vez, o congresso dos advogados propõe aquilo que os partidos políticos nunca tiveram a coragem de fazer: proibir a acumulação dos dois lugares. Quem é pago por uma empresa energética não pode ser pago pelo Estado para legislar sobre energia, nem sobre concorrência, nem sobre privatizações, nem sobre trabalho, nem sobre justiça, nem sobre assuntos fiscais…Bem vistas as coisas, não deveria poder legislar sobre nada, porque os seus clientes são tantos, tão confidenciais e com interesses tão diversos que as incompatibilidades são quase permanentes.

É claro que a incompatibilidade se deveria aplicar a outras ocupações onde pode haver promiscuidade de interesses, como padres, jornalistas ou empresários. E as limitações excessivas podem levar a um esvaziamento da Assembleia da República. É verdade. Mas um parlamento pequeno e honesto sempre é preferível a um grande e suspeito.

Álvaro Santos Pereira, segunda-feira, 14 de Novembro, à tarde: “2012 será o príncipio do fim da crise, porque as projecções demonstram que 2013 e 2014 são o início da retoma”. José Sócrates, quinta-feira, 13 de Agosto de 2009, à tarde:” os resultados( crescimento de 0.3% da economia) demonstram que isto é o princípio do fim da crise”. O que as políticas do primeiro-ministro socialistas fizeram ao País já todos percebemos, o que as políticas do ministro da Economia social-democrata vão fazer começa-se a perceber agora. O que Portugal precisa é de governantes que governem bem, não é de políticos que mintam mal.

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